Olá, meu nome é Daniela e eu sou uma debatedora mental.
Meu vício começou há 30 anos, ainda no jardim de infância. Pois é, eu comecei muita nova. Um garoto chamado Demóstenes Schneider (o nome foi alterado para preservar a identidade do agressor) mordeu violentamente meu braço. Gente, o pirralho era tão filhodaputa que tirou sangue do meu braço, dá pra acreditar?… Desculpem, eu não deveria me alterar. Bom, a partir daquele incidente eu passei a xingar o Demóstenes diariamente. Mas eu fazia tudo na minha imaginação, claro, porque eu não queria correr o risco de levar outra mordida. E desde então eu venho travando batalhas verbais imaginárias que chegam a provocar taquicardia e um mau humor insuportável. Minha família e meus amigos sofrem muito. Eu… eu… eu já tive gastrite por causa desse vício.
Meu último debate mental foi ontem. Eu estava pendurando a cortina da sala no trilho, sozinha em casa. Para quem não sabe, colocar a cortina exige muita paciência. Muita. E eu também faço parte do grupo Facilmente Irritáveis Anônimos, então sucumbi à tentação e comecei a xingar meu namorido porque ele não estava me ajudando. Vejam bem, ele ainda não havia chegado do trabalho e nem sabia que a faxineira tinha lavado as cortinas mas isso não me impediu de começar um bate boca que quase culminou na separação.
Já bastante irritada, resolvi descansar o braço direito e tentar encaixar os pinos no trilho usando o braço esquerdo. Mas eu descobri que não tenho nenhum controle sobre as funções motoras deste braço quando ele está levantado. Fiz minha melhor cara de sarcasmo para meu braço de borracha e disparei: “Pfff, vai colocar a cortina? Arrã.”. Naquele momento, sentindo que estava prestes a perder o controle e discutir com meu próprio braço, eu tive um ataque de riso.
Hoje faz um dia que eu não provoco nenhuma discussão imaginária. E só por hoje eu não vou participar de nenhum debate mental.
Obrigada.
Oi, meu nome é Maria Augusta, tenho 21 anos e eu também sou uma debatedora mental.
Não sei bem quando começou o meu vício. Acho que sempre tive uma vontade absurda de fazer justiça com a próprias mãos, e como eu só tinha a vontade, e não a coragem, passei a pensar em todas as coisas que eu deveria ter dito para as pessoas nas situações em que elas me magoaram.
A princípio eu engolia tudo o que me diziam, e não falava, só discutia mentalmente. Depois, comecei a discutir verbalmente e mentalmente. Não bastasse dizer tudo o que me vinha na cabeça na hora, eu ficava remoendo todos os fatos e palavras por um bom tempo depois da discussão, e pensando em tudo o que eu poderia ter dito. E me irritava comigo mesma por não ter dito todas aquelas coisas. E foi aí que também passei a sofrer de gastrite nervosa. Aliado a isso, passei pelas mesmas situações da Daniela, de sofrimento familiar e mau humor insuportável. E ouvir as pessoas que eu amo dizendo que eu não posso ser assim (quando eu não escolhi ser assim), me traz um sofrimento enorme, aliado à sensação de culpa.
Quando comecei a faculdade de Direito, aí sim piorou muito! Porque além de lidar com injustiças quase que diariamente, ainda tive que ouvir opiniões muito diversas das minhas e, a meu entender, absurdas. Isso sobre os mais variados e polêmicos temas, como pena de morte, legalização do aborto, diminuição da maioridade penal, dentre outros.
Atualmente, meu vício está pouco controlado. Hoje eu debati mentalmente. Ontem também.
Quando sentir vontade de falar desaforos para alguém que não está presente, tentarei pensar em como esse tipo de atitude só vai me levar a uma úlcera, ou como no caso da Daniela, a um câncer. Isso sem falar que o idiota que precisava ouvir tudo isso não vai nem tomar conhecimento!
Fazem algumas horas que não faço debates mentais. E só pelo resto desse dia, eu não vou mais participar de debates mentais.
Obrigada.
Olá! Sou uma daquelas leitoras anônimas que você falou outro dia.
Então, também frequento esses dois grupos! Será que a gente não se cruzou em algum dos encontros? (risos)
Companheira Maria Augusta,
seu relato nos emocionou a todos. Estamos torcendo pela sua recuperação. Conte conosco, ok?
E não se esqueça: só por hoje, nós não vamos debater mentalmente.
bjs,
Olá. Me chamo Mariana, tenho 23 anos e, como minhas antecessoras, sempre fui uma debatedora mental.
Assim como Maria, SEMPRE penso que deveria ter dado uma outra resposta. Às vezes, chego a fazer no computador um mapa mental com as oportunidades de resposta que deixei passar.
O que me deixa pior são as cantadas. Não, não sou nenhuma Juliana Paes, são os caras que não têm muita noção. Outro dia um sessentão passou perto de mim e sussurrou “tesão”. Logo após, começou a reação. Pensei em tudo o que poderia ter dito pra chamar o vovô para a realidade. O tormento durou dias.
Felizmente consegui não mandá-lo para aquele lugar, que é o que normalmente faço.
Bem, é isso. Fazem algumas horas que não debato algum assunto até a exaustão, e só por hoje não vou participar de nenhum debate mental.Obrigada.
Seja bem-vinda, companheira Mariana.
Seu relato foi bastante emocionante. Obrigada. Eu até sugiro que você fale com um profissional sobre essa história de mapa mental no computador. Essa evolução do vício eu confesso que não conhecia.
bjs,
Oi! Meunome é Kelli e eu sou uma debatedora mental. Creio que tudo começou com meu pai, em nossas intermináveis brigas. Ficava pensando no que poderia ter respondido caso tivesse a coragem ou o raciocínio rápido para isso.
Graças a essa “lentidão” para preparar as respostas, deixei de debater verbalmente, preferindo responder, se necessário, por escrito. Nem sempre é possível, no entanto.
Mas hoje não debati. Só por hoje, nada de debates mentais.
Oi Dani!
A cada dia que passo me identifico mais contigo. Como debatedora mental que sou, sempre fico imaginando o que poderia ter sido feito naquela situação em que simplesmente fiquei com cara de pamonha.
Outros fatores de identificação são os procedimentos pelos quais você passou. Não que eu os tenha vivido, mas presenciei de perto durante o período de internação de minha mãe (que faleceu em dezembro) no final do ano passado. Ler o que você escreve me faz pensar no que ela poderia estar sentindo e nunca quis me falar, para que eu não perdesse as esperanças na sua cura. Abre um furo no pescoço, coloca caninho, tira caninho, coloca no braço, braço infecciona, troca de braço, médico grosso, enfermeiras sem-noção…
Admiro tua coragem, tua força e tua determinação.
Parabéns para ti, guria! Apesar de fazer parte do grupo das anônimas, não deixo de passar por aqui um só dia!
PS: Neste momento, debato. Vou tentar dormir e para me dar uma trégua… pelo menos até de manhã.
Oi, meu nome é Priscila. Sou reincidente aqui no enzimas e debatedora mental.
Meu vício atingiu proporções tão escalafobéticas que nem mesmo discussões com semanas e semanas de duração eram o bastante para aplacar a fissura. Foi então que, em vez de buscar tratamento, resolvi buscar novas formas de potencializar o efeito das discussões para aplacar o vício e a minha ira.
E assim nasceu o blog. Eu digo que é para escrever poesias, abobrinhas e dialogar, mas é mentira. Olhando com atenção, não é difícil localizar vários textos em que materializei discussões com pai, irmã, namorado, amigos. E da melhor forma possível: a última palavra é sempre minha! Até porque os comentários são moderados e a moderadora sou eu. Melhor ainda: a última palavra, que é sempre minha, também é… pública. Execração pública do oponente no debate imaginário!
Será que eu tenho cura?
Hoje não provoquei nenhuma discussão imaginária. Mas mandei um e-mail. E não prometo nada para as próximas 24hs.
Dai-me serenidade para ignorar as discussões mentais que eu não devo começar,
coragem para abrir mão daquelas que eu possa,
e sabedoria para que eu saiba manter-me serena e corajosa.
Caso não seja possível, faça faltar luz ou queime o HD. Por favor!
Oi, meu nome é Paulo e eu sou um debatedor mental.
Não lembro ao certo quando começou meu vício, mas lembro o motivo. Sempre fui menor que os outros garotos da escola, sempre mais rechonchudo, oriental, de religião diferente da maioria. A soma disso tudo acabou me deixando um garoto tímido, com baixa auto-estima, e sem coragem de enfrentar os problemas de relacionamento com os garotos mais fortes.
Meu vício começou como um sistema compensatório do cérebro, onde todas as noites eu revivia mentalmente os problemas daquela tarde, e onde claro, eu sempre vencia. Humilhava verbalmente meus desafetos, ganhava o respeito das garotas, era lindo.
Cresci, e o vício me acompanhou. Talvez o mais difícil tenha sido aceitar que é um vício, e que estava me fazendo mal. Acho que aquilo me acompanhava a tanto tempo, que era como se fosse um pedaço de mim. Aos poucos comecei a me dar conta de que aqueles debates mentais não eram inofensivos como eu pensava. No fundo, eles estavam me tornando uma pessoa amarga e negativa.
Mas, agora que me dei conta de meu vício, quero me empenhar na cura. Sei que não será fácil, mas com a ajuda de todos dos DMA sei que tenho uma chance. Debate por debate, dia por dia.
Somente por hoje, não debaterei mentalmente.
Obrigado.
Bom dia a todos!
Meu nome é Amanda, tenho 21 anos e sou uma debatedora mental. Também sou nova aqui no Enzimas.
Na verdade, acho que tudo começou exatamente como começou com o Paulo aí em cima… digamos que fui uma criança baixinha, rechonchuda e de idéias diferentes das outras criancinhas, rs. Foi aí que as brigas mentais começaram.
Acredito que atualmente elas estão piores, devido à minha insegurança perante um projeto novo no meu trabalho, uns probleminhas pessoais aqui e ali e, claro, tudo fica ainda pior com TPM. Como ontem, quando uma cólica me fez parar de estudar para debater mentalmente com uma porção de gente.
Há quanto tempo estou sem isso? Agora mesmo estou debatendo comigo mesma.
M*!
O que faço???
Beijo beijo ;****************
muuuuuuuuuuitobom!
hahahahaha
Boa tarde,
Sou debatedora mental anônima. Estou há menos de uma hora sem debater mentalmente. Na verdade, eu só parei de debater mentalmente após ter visto este post, que me encorajou a entrar para essa associação. Eu descobri que debater anonimamente pode criar uma dimensão muito maior, e às vezes, irreal, para os meus problemas. Além disso, o debate mental às vezes me faz ter a sensação de realmente ter brigado com alguém, sem que isso tenha acontecido. Vou tentar dirigir essa energia para resolver as coisas realmente, sem ficar dando voltas e voltas dentro da minha própria cabeça e criando argumentos brilhantes que não chego a usar.
Eu adorei os depoimentos. Muito emocionada também, colegas debatedores. Obrigada.
Companheiros Kelli, Débora, Priscila, Paulo, Mandy, Lie.
São depoimentos emocionantes e verdadeiros como os de vocês que nos fazem prosseguir com o DMA. Muito obrigada a todos. E força para ficar longe de debates mentais. Só por hoje.
Oi, Daniela. Cheguei uns minutos mais tarde, mas meu nome é Luiz Alberto Benevides, tenho quase 33 e não só debato mentalmente como também me bato mentalmente e me debato com outras pessoas das quais tenho ódio. Porque pra chegar a esse ponto a raiva não é suficiente: tem que ser ódio. O principal alvo é o meu pai, fonte maior de uma porrada de recalques, mas a idade, a independência financeira (agora ele é que depende de mim de vez em quando) e uns poucos anos de terapia já conseguiram reduzir em uns 80% o tumor psicológico (namorar ajudou bastante também).
Minha proposta é diferente: não quero deixar de debater mentalmente, quero só manter num nível controlado ao ponto de que eu possa escrever literatura e roteiros e ganhar dinheiro com isso. Thanx. You be careful now.
Oi, meu nome é Barbara e também sou uma debatedora mental. Hoje, acordei com o interfone tocando, era meu pai, que brigou comigo por um motivo bobo. Ele nunca se importou com as minhas carências, pq deveria me importar com as dele?
Estou debatendo de novo.
Ele queria o carro emprestado e foi o que eu fiz. Virei as costas e voltei pra casa. Qdo voltei, debati mentalmente com ele várias vezes. Na verdade, meu problema começou por causa dele.
Meu pai nunca me deixou falar o que eu pensava, tudo é prolixo e a gente precisa aprender a ser objetivo sempre. Hahahahhahah!
Enfim. Hoje, eu travo debates mentais com várias pessoas, sempre que acontece algo que me chateia ou qdo percebo que poderia ter dado uma resposta diferente/melhor.
Ou respondo na lata e crio situações bizarras, como a vez que o sujeito, amigo de namorido, me ofereceu cerveja 3x, e eu sempre dizendo q nao bebo. Na terceira vez eu disse a ele q tomava um antipsicótico e que, se bebesse, todos os presentes correriam sério risco de vida.
Ele nunca mais falou comigo.
beijos e obrigada pelo espaço!
Oi. Meu nome é Patrick. 22 Anos. E eu sou um debatedor mental.
Preciso confessar uma coisa de cara: eu debato… E gosto! Travo altas diálogos comigo mesmo, com minha namorada, com os alunos dos quais sou monitor, apresento seminários, palestras, discuto problemas e penso soluções… Tudo falando sozinho, gesticulando e olhando pra ninguém.
Nos momentos de tensão e estresse, ter a mim mesmo como amigo é primordial. Por exemplo… Houve uma vez em que a menstruação da minha namorada atrasou bastante. Eu teria enlouquecido se não tivesse a minha própria pessoa com quem dialogar e organizar as idéias.
Graças aos meus auto-bate-papos, chegamos à conclusão de que o atraso era fruto da interrupção do anti-concepcional (que ela decidiu para por estar fazendo mal ao humor). Depois de pesquisas na internet veio o alívio: muita gente havia constatado o atraso por conta do medicamento.
Depois foi só fazer o exame e constatar o resultado negativo. À noite, na cama, agradecí muito a mim por estar sempre comigo nos momentos difíceis.
Companheiros, um aparte nos depoimentos.
O que percebemos de todas estas discussões é que nem sempre o debate mental é nocivo à saúde. Pelo contrário, para algumas pessoas pode ser a única forma de extravasar sentimentos negativos.
Porém, para mim e acredito que para a maioria, debates mentais não fazem nada além de alimentar o ódio por pessoas ou situações que não merecem sequer esse tipo de sensação de nossa parte.
Como diz a música, é o veneno que tomamos esperando que o outro morra.
Me pergunto se não poderíamos aproveitar as manifestações daqueles a quem os debates são positivos, para tentar tirar algum proveito desse vício tão intrigante. Eu, sinceramente, ainda não descobri nenhum.
Ahh, e hoje eu não tive nenhum debate mental.
Só por hoje! =)
Olá, meu nome é Luana, tenho 19 anos de idade e pelo menos uns 16 de debate mental, pode ser que seja mais. Acho os debates mentais um escape na tentativa de evitar discussões que cliariam um clima chato, e também porque odeio magoar as pessoas na prática (teoricamente eu adoro, pois não perco uma oportunidade para debater mentalmente). Enfim, o que mais me irrita nessas questões é um sintoma denominado nó na garganta, que ou me tortura por dentro ou então, quando se solta, faz sofrer alguma alma terrena. Porém, pelo bem estar geral, se não fossem as complicações que realmente ocasionam ao nosso corpo (como probemas gástricos, cardíacos e até depressivos, entre outros), acho que o debate mental, quando não vem à tona, é meio caminho andado para a paz mundial (e para o crescimento de novas síndromes no corpo dos debatedores).
E hoje, só por hoje, eu não tive nenhum debate mental…
P.s→ adoro seu blog…
Dani, eu também debato mentalmente, mas normalmente isso me ajuda a extravasar e serve como válvula de escape. Acaba que, pra mim, os debates mentais são mais benéficos do que maléficos.
Pra ser sincera, tbm acho que fiquei mais segura e isso me ajudou a falar mais as coisas pros outros, na hora, e tentar resolver, do que ficar debatendo mentalmente depois. Costumava passar horas e horas imaginando o que eu diria pra fulano se ele não tivesse me xingado e virado as costas, no colégio, depois nas brigas com a família e tudo mais.
O problema é que, pra ser sincera, no momento o único debate que eu posso fazer é mental: tô totalmente afônica há dois dias por causa da gripe. Isso nunca tinha me acontecido e é horrível, EU QUERO FALAR!!!
Você me entende, né?
Eu sou uma leitora mega anônima, mas fico muito feliz em saber que não sou única que tenho esse tipo de loucura! Como isso me faz mal, credo, mas eu tento evitar, ainda que eu tenha “brigado” com meio mundo ontem, sem que eles soubesses… só a cara feia demonstrava. pfff
Maria Augusta, idem. Até a faculdade de Direito me prejudicou também…coisas do tipo, contestações mentais? meudeus, Daniela é um encontro de loucas esse blog. rs
Mas eu adoro.
Só vim aqui pra dizer que percebi uma coisa: além de promover debates mentais, minha mente começou a produzir também diálogos mentais com algumas pessoas. Isso acontece, principalmente, quando estou sob forte impacto emocional (leia-se TPM).
Mas hj nao debati mentalmente com ninguém.
beijos
Eu me peguei debatendo pelo menos duas vezes ontem antes de dormir. Que saco. 🙂
Olá, meu nome é Camila, tenho 19 anos e também sou debatedora mental anônima. Não sei como isso começou, mas, desde que me entendo por gente, xingo e discuto mentalmente com qualquer ser que me tire do sério. Não sou de travar grandes discussões verbais e, talvez por isso, debato o dia inteiro na minha mente.
O que agrava meus sintomas é o povo do meu trabalho. Além de ouvirem música sertaneja o dia inteiro (lágrimas escorrendo), eles vivem falando mal uns dos outros e fingindo ser amiguinhos na maior parte do tempo. Nem preciso dizer que isso me tira do sério, né? Outro lugar que me faz pensar em procurar ajuda para o meu problema é a faculdade. Estudar ciências humanas não é fácil, pois sempre tem um idiota metido a besta que faz comentários inúteis toda hora. Na minha mente eu mando todo mundo calar a boca e discuto com essas pessoas. Tá, eu sei, um pouco de “don’t worry, be happy” era ótimo para mim, mas eu simplesmente não consigo evitar o stress.
Ao ler o post da Daniela, resolvi fazer o propósito de não debater mentalmente só por hoje. Espero ter forças para seguir meu propósito.
Obrigada a todos.
PS: Daniela, adoro seu blog! =)
Ok, depois de meses acompanhando a saga da Daniela resolvi comentar (eu certamente sou o tipo de leitor que a Dani detesta.. lê, mas não comenta). Também sou um debatedor mental. Como em todos os depoimentos acima, minhas crises também acompanham momentos de pura agressividade reprimida.
Como foi comentado pela Maria Agusta, é provavel que este seja um mecanismo que adotamos para estravazar sentimentos reprimidos (e antes que me chamem de Freud, aviso que detesto psicanálise). Certamente a maioria dos integrantes da DMA são pessoas tímidas, que provavelmente ficam inseguras do que falar diante de discussões. por conta disso, acabam mentalmente ensaiando mil maneiras de se sobressair a elas. Se pararmos pra refletir um pouco, tirando é claro o fato de fazer emergir sensações de raiva e irritação, a DM (não diabetes melitus) tem suas vantagens. acabam instalando em nós uma “experiência fantasma”. não dizem que aprendemos com as experiências? então, não estamos fazendo mais do que isso. criando um contexto e aprendendo com eles. acho que podemos compara-las aos treinos mentais que a gente vê nos filmes de samurai. enfim, no caso da Dani (saca a intimidade), querer discutir com o braço deve ser um claro sinal de que já está na hora de parar.
Ah, meu ultimo debate mental foi com um neuropsiquiatra que barrou um dos estágios da minha pesquisa no hospital da minha cidade.. o feladaputa, só porque não conseguiu um espaço pra trabalhar no hospital, me boicotou.. tudo porque ainda sou acadêmico. nem digo que a humilhação foi em praça pública eheheh
Olá
Meu nome é João, e também sou um DMA.
Até hoje, ao ler os últimos 3 posts, pensava que eu era um doido varrido, por travar batalhar inimaginárias.
Felizmente não sou o único.
Considero meu caso um pouco mais sério, pois fazia suposições do tipo: “E se?…”.
Eu mudava algum momento no passado e ficava imaginando todos os possíveis resultados que essa alteração iria causar no continuum espaço-tempo.
Chegava uma época que eu não percebia que eu estava fazendo isso, e quando me dava em conta já tinha perdido entre meia hora e uma hora debatendo todas as possibilidades que podiam ocorrer.
No inicio desse ano cheguei a conclusão que isso é desperdício de energia, que eu poderia estar pensando em coisas melhores e mais úteis do que fazer batalhas mentais.
Então sempre que eu me vejo fazendo viagens imaginárias onde nenhum pensamento humano jamais esteve, eu corto o pensamento e foco no presente.
Como disse uma monja budista que eu assisti uma palestra: “Foque e viva o presente. Não ligue para o passado, ele já passou, e não se importe muito com o futuro, ele ainda está para vir”
Isso tem me ajudado muito, e eu acho que estou mudando bastante!
João, sem travar batalhas mentais a 3 dias e contando!
Oiê!
Alguém conhece a cura pra esse gravíssimo problema???
tks,
Ellen
Ana Paula, 33 anos, debatedora mental crônica, tentando, para o bem da minha saúde superar este vício. Como algum companheiro DMA já comentou acima, eu não apenas travo discussões mentais com outras pessoas, mas também converso amistosamente, conto piadas e “causos”, profiro discursos e seminários, enfim, meu caso é gravíssimo. O pior é que faço isso acompanhado de caras e bocas, tal o meu envolvimento mental, e em qualquer lugar. Só me dou conta que estou fazendo papel de louca quando percebo que as pessoas estão me olhando meio estranho na rua ou no ônibus, ou quando meu marido me pergunta porque eu estou sorrindo sozinha. Muitas vezes, em consequência das minhas discussões mentais. fico realmente com raiva da pessoa e o alvo acaba nem sabendo o motivo do meu azedume. O maridon é a principal vítima desta faceta da doença.
Hoje, até o momento, ainda não travei nenhum diálogo ou discussão mental com outra pessoa (comigo mesma também não), e promete tentar com todas as minhas forças terminar este dia sem fazê-lo.
Um dia de cada vez, companheiros!!!
Meu nome é Tânia, tenho 28 anos sou uma debatedora mental.
Cresci em uma família repressora de pouco diálogo, onde o chicote sempre estralava.
Até chegar a DMA, não percebia isso como problema, já que precisei agir assim desde o berço. A situação vem agravando eu, por exemplo, nem consigo dormir direito com os debates mentais desde sexta-feira.
Tive uma sexta-feira meio rebordosa, desde então mantenho debates com todos que tocaram o terror comigo na noite de Sampa, onde sou muito admirada por não prosseguir com a síndrome Peter Pan, e ainda consigo convencê-los a abandonar a Terra do Nunca.
Porém meu grande desafio mesmo é me manter longe dos debates mentais com a minha paixão intercontinental e todos os seu diálogos de reencontro, fantasias e juras de amor eternas que passam apenas na minha cabeça.
Talvez este seja em um estado avançado, quase esquizofrênico, mas envolve também muito debate mental, se não a novela criada em minha cabeça seria apenas um cinema mudo, não é?
Agora me dei conta que estou em franco progresso para insanidade mental, vou me empenhar para curar esse vício. Não será fácil, mas o fato de ter descoberto e aceito esse problema já é um bom começo.
Firme no propósito: Só por hoje.
Isso aqui está ótimo.
Ana Paula, eu também faço isso: converso, bato papo, explico coisas, às vezes escapa um sorriso ou uma expressão e alguém deve perceber o comportamento esquisito. Será que é sinal de gravidade mesmo? Acho que é só uma variante desta condição, algo com DM (não diabete melito) tipo 2 ou variante amistosa. A DM 1, clássica, como foi inicialmente descrita pela autora do blog poderia chamar “Síndrome de Macedo” (é o sobrenome da Daniela que tá no e-mail lá em cima…). Se bem que eu acho que ela não ia querer muito essa homenagem, né?
Agora, o melhor pra mim foi o João (“mudava algum momento no passado e ficava imaginando todos os possíveis resultados que essa alteração iria causar no continuum espaço-tempo”). Cara, agora que você deu idéia eu estou com medo de começar a fazer isso também!!
Se bem que já estou debatendo menos, agora já consigo me dar conta quando isso acontece e vou fazer algo de útil.
bjo!
Daniela, só mais uma coisa: gosto muito do seu blog, é uma proposta muito bacana e o jeito como você escreve é ótimo. Fiz comentários só sobre o DMA porque eu realmente não me contive ao encontrar esses casos… Mas eu leio por causa de todo o resto que você nos conta aqui.
Estou adorando esse debate nos comentários e mais ainda por saber que existem pessoas que sofrem do mesmo mal q eu.
Não sei se gostaria que isso tivesse cura, sabem pq? Pq muitas vezes eu, pelo menos, tendo a pré julgar uma pessoa e ai travo DMs com ela, pra dps me dar conta de q ela nao é assim tão ruim como eu pensava…. Isso já me livrou de algumas saias justas.
beijos
se alguém aqui além de DM ainda trava disucssões mentais consigo mesmo, então a coisa é melhor ainda.(ou não). como a Lie falou, essa deve ser outra variante da DM.. sei lá, uma tipo 3, onde o sintoma é debater com vc mesmo.. o pior é que rola mesmo um conflito de opiniões próprias nessa história…
esse post da dani serviu pra reunir um monte de informações sobre a DM..
Opinião: essa discussão bem que não podia morrer aqui.. sei lá, estender ela pra um forum ou algo do tipo…
(com entonação de palestrante da Herbalife)
Eu nunca me diverti tanto na minha vida. Obrigado, DMA!
Chuck Norris não debate mentalmente. Ele desarma e imobiliza o mentalmente o inimigo.
Eu ia escrever p dizer que o comentário do sr. Norris encerrou a discussão, mas olha eu escrevendo despois dele!
Daniela, adoro seu blog e sou leitora anônima. Sou DMA tb mas meu vício não chegou (ainda) a niveis preocupantes.
Um beijo.
Boa tarde, meu nome é Tatiane e eu sou uma Debatedora Mental Anônima.
Meu vício começou ainda na infância e dura até hoje. Um fato interessante é que o meu problema de debate mental é genético, minha mãe sofre do mesmo vício. Imagino que ela tenha feito muito debate mental na gravidez e transferiu o vício para mim, ainda quando era feto.
Como muitos já mencionaram, o debate mental faz com que as situações tomem proporções fora da realidade, que só causam mal a mim mesma. Luto diariamente contra o vício mas não consigo abandoná-lo. Meu marido fala que eu sou louca porque quando estou no banho, fico debatendo comigo mesma em voz alta, SIM PESSOAS, o debate mental me domina e toma vida própria.
Quando estou parada no congestionamento, as pessoas dos outros carros me olham assustadas porque estou gesticulando e falando sozinha… as vezes finjo estar no viva voz do celular para disfarçar.
Boa noite, meu nome é Manoela, tenho 27 anos e acabo de descobrir que sou DMA vingativo. É que além de remoer, repensar, imaginar diálogos e formas de punição aos agressores que fizeram eu travar batalhas mentais, também fico aguardando a oportunidade do golpe final. E isso começou cedo.
Na quarta série, era apaixonada por um colega de aula. Eu não era tão feminina quanto minhas outras colegas. Gostava de brincar com os guris, vivia de calça de abrigo e tênis e, pior de tudo, usava máscara da invisibilidade (leia-se “óculos”). Acho que também era um pouco dentuça e magricela demais. Não era pra ele saber que eu gostava dele. Todas as gurias da escola gostavam, eu não ia fazer diferença na lista.
Foi quando, numa tarde, recebo uma ligação dele, no telefone da minha casa (era assim que funcionava no anos 90). Ele me ligou especialmente para me dar um fora. Foi ‘o’ fora. Toda a turma soube e eu morri de vergonha. Fique anos e anos e anos remoendo aquilo e imaginando que um dia eu me vingaria.
Então, aos 18 anos, estava em um bar, numa noite qualquer de sábado, e ele foi falar comigo. Conversa vai, conversa vem, ele se aproxima e eu digo:
– Não.
– Por que?
– Porque não, ué.
– Mas só um beijinho.
– No way.
– Ah pára Manô, só um mesmo.
– Já disse que não.
– Mas qual é o problema?
– Hummm… lembra aquele fora que tu me deu na quarta-série? Pois bem, estou me vingando agora.
E saí, escutando ele falar sobre os meus sentimentos mesquinhos de guardar ressentimento. Mas eu nem tava, saí rindo, quase babando de felicidade!
Acho que essa, entre outras, prova que sou uma DMA vingativa.
Pessoal, não vejo mal em ser DMA. Isso afia nosso cérebro.
Bjos e boa sorte!
Finalmente achei um nome para esse disturbio! Obrigada! Sempre travei guerras mentais com o mundo. Me sentia convarde por ficar dizendo milhares de coisas mentalmente sem a menor coragem externar… Agora sei que não estou só!
Eu tenho isso! Aimeudeus, achei que era distúrbio meu, apenas. Eu crio discussões bizantinas de horas.
[…] mais do que relaxou. O semestre estressante da faculdade me rendeu muitas noites mal-dormidas e debates mentais. Hoje é o último dia de aula, tenho prova (deveria estar estudando) e não vejo a hora de jogar […]
Eu já debati mentalmente até com proprietários desconhecidos de blogues. Quando começar a me preocupar em não exceder o limite de 140 caracteres, vou procurar um médico.